A Igreja de Santa Escolástica faz parte do antigo convento beneditino dedicado à irmã de São Bento, fundado em 1590 por Maria Teixeira, uma dama nobre que cedeu a própria casa para o projeto. Ainda hoje, podemos ver a pedra com o brasão da família no exterior da igreja — ou seja, Maria deixou o seu “autógrafo” para a posteridade.
O convento, do qual só restam a igreja e parte das dependências a norte (hoje ocupadas pelo SEF e pela 7ª Companhia do GIPS), tinha como missão acolher religiosas de famílias nobres da região. A vida monástica começou em 1592 e, em 1721, contava com nada menos que 144 religiosas, quatro conversas e 11 noviças. Depois da extinção das ordens religiosas em 1834, o convento entrou em ruína, mas a Câmara Municipal de Bragança rapidamente encontrou usos civis para o espaço: Liceu, Asilo do Duque de Bragança, Alfândega, Tribunal, PSP, Governo Civil…
A igreja tem uma nave única, dois coros (alto e baixo), capela-mor, sacristia e um pequeno anexo na fachada posterior.
A capela-mor impressiona pelo arco triunfal em talha dourada e, na parte superior, uma pintura a óleo do Templo de Jerusalém.
Três nichos revestidos as talhas guardam imagens de São Bento, enquanto o retábulo barroco joanino do altar-mor, com talha dourada de 1721, exibe o santo patrono ao centro.
O teto da capela-mor (*) é uma joia rara do estilo mudéjar, octogonal e parcialmente encoberto pelo altar, enquanto os retábulos laterais exibem a Imaculada Conceição, a Santa Cruz, São Paulo, São Pedro, São Rafael Arcanjo e São João Baptista.
A igreja é ainda curiosa por ter dois coros no fundo da nave, acessíveis por escadas decoradas com painéis pintados em cores vivas e motivos vegetais. Mas o grande espetáculo é o teto da nave (*), em abóbada de berço, pintado a óleo sobre madeira por Manuel Caetano Fortuna em 1763. No centro, a Santíssima Trindade domina a cena, ladeada pela ascensão de Santa Escolástica e de São Bento, e pela Imaculada Conceição. Nas laterais, as quatro virtudes cardinais — Temperança, Fortaleza, Prudência e Justiça — fazem a sua aparição, como se dissessem: “Aqui, a moral tem lugar de destaque!”
As janelas da nave não ficam atrás: dois vidrais retratam São Bento (“Padroeiro da Europa e do Nordeste”) e Santa Escolástica (“Titular do Mosteiro”), trazendo cor e luz ao interior.
No exterior, o portal lateral barroco, construído em 1690 pelo mestre Martinho da Veiga, é ladeado por pilastras jónicas e encimado por um nicho, com o brasão da família Teixeira à esquerda.
