O Solar de Almendra ou do Visconde de Banho é um dos mais belos solares barrocos da raia portuguesa mesmo estando incompleto e arruinado e situa-se no final da magnífica estrada duriense, a famosa Nacional 222.
Uma importante família asturiana de nome Castilho adquiriu terras em Almendra e aqui se instalou. O solar de Almendra começou a construir-se em 1743, por iniciativa de Manuel António de Castilho e Távora Falcão Mendonça que era fidalgo da Casa Real, Capitão-mor de Almendra e Castelo Melhor, mas em 1758 a construção da casa foi interrompida por ordem do Marquês de Pombal, facto que pode estar relacionado com o Processo dos Távoras. Coloca-se a hipótese de ter sido picado por nele figurarem as armas dos Távoras pois Manuel António de Castilho era filho de Ana Maria de Távora Donas Boto que pode ser familiar dos Távora.
Nas paredes laterais é bem visível que o solar está incompleto.
Em 1810 as tropas de Napoleão transformam a casa em quartel-general provisório e ao retirarem-se incendiaram-na, tendo ficado parcialmente destruída.
O rei Dom I Luís criou o viscondado de Banho em 1870, e a partir de 1895, por iniciativa do 3º Visconde de Banho e Almendra o solar foi parcialmente reconstruído.
Atualmente ignoro quem são os proprietários.
Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1977.
Estrutura do Solar de Almendra
O Solar de Almendra é um palácio vistoso de transição entre o rococó e o barroco e onde está presente a influência de Nasoni.
É constituído por dois pisos aparelhados em granito amarelo, onde conserva austera fácies que contrasta com as belíssimas janelas barrocas (com as típicas vieiras invertidas e flores–de-lis) e com a saliente varanda com balaústres. O brasão de armas da ilustre família, enquadrado por um frontão curvilíneo, permanece em cima da varanda. Curiosamente, o brasão nunca foi devidamente terminado de esculpir; talvez por ordem de Sebastião de Carvalho e Melo.
O solar tem afinidades com a Casa do Cabo em São João da Pesqueira (*), a Casa de Nossa Senhora Conceição em Cedovim e a Casa Grande em Freixo de Numão (*).
Outros motivos de interesse para visitar Almendra
Almendra é terra bonita que vale a pena ser visitada, não só durante a floração das amendoeiras, mas em qualquer época do ano. Aqui vale a pena conhecer a Igreja Matriz, que é um templo fortaleza construída no século XVI, a capela da Misericórdia, a Casa dos Bordalos, o pelourinho (com foral dado pelo rei dom Manuel I em 1510), a Casa da Câmara e a Fonte Grande. Outro local de interesse é o Santuário de Nossa Senhora do Campo, com o seu parque de merendas.
Falar do património de Almendra, é também falar numa estrada notável que toma o caminho da estação de caminho de ferro desativada junto ao rio Douro. A estrada passa pelo monte da mítica Calábria, em redor da qual fazem hoje o celebérrimo Barca Velha na Quinta da Leda, a magnífica paisagem sobre o Douro ou a floração das amendoeiras…mas isto são contas para outro rosário.
Como nota curiosa acrescento que em Almendra viveu Francisco José Viegas vencedor Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) 2005, com o seu Longe de Manaus.
Cronologia do Solar de Almendra
-Séc. 16 – Fixação em Portugal da família asturiana Castilhos, com solar em Castilho-Pedroso (Santander), durante o reinado de D. João III
-1674 / 1680 – compra de propriedades em Almendra por António Lopes Castilho
-1687 – instituição de vínculo de morgado e Capela de Nossa Senhora do Socorro em Almendra, com as suas propriedades da Vermiosa, Almendra, Vale de Espinho, Gamelas e Algodres
-1743 – início das obras de construção do solar
-séc. 18, meados – período mais ativo da construção, por iniciativa de Manuel António de Castilho e Távora Falcão Mendonça (1720 – 1796?); este era fidalgo da Casa Real, Capitão-mor de Almendra e Castelo Melhor e casado com Maria Madalena da Costa Falcão Mendonça
1758 – a construção da casa foi interrompida por ordem do Marquês de Pombal;
1810 – as tropas de Napoleão transformam a casa em Quartel-General e, ao retirarem-se, incendeiam-na, tendo ficado parcialmente destruída;
1870 – criação do Viscondado de Almendra a favor de António de Castilho Falcão Mendonça