O Miradouro do Colado situa-se na estrada panorâmica que conduz à pitoresca aldeia de Mazouco, no vale do rio Douro. Nesta região, o Douro atravessa terrenos graníticos nos concelhos de Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro e Miranda do Douro, no entanto, junto a Mazouco, as vertentes abruptas distinguem-se por serem xistosas. Ao longo de milhares de anos, o rio esculpiu um vale encaixado que originou o mais espetacular canhão fluvial português. Este local é, simultaneamente, inóspito e um paraíso europeu para a avifauna rupícola.
Formação xistosa de Ervedosa
A área de Mazouco evidencia a Formação de Ervedosa, composta por xistos com laminação fina e metagrauvaques ligeiramente esverdeados, datados do Câmbrico médio a superior (cerca de 500 milhões de anos). Estas rochas resultam da deposição de sedimentos, como argilas e areias, em fundos oceânicos abissais ou zonas de plataforma continental, transportados por rios.
Entre os 400 e os 250 milhões de anos, o movimento das placas litosféricas e a colisão das massas continentais levaram à formação do supercontinente Pangeia. Durante este processo, os sedimentos marinhos foram deformados e metamorfizados, originando os xistos e metagrauvaques que hoje se encontram nesta região, nas proximidades dos declives plutónicos do canhão duriense.
O Cavalo Paleolítico de Mazouco
Junto ao rio, nas imediações da aldeia, encontra-se o célebre Cavalo Paleolítico de Mazouco, a primeira gravura paleolítica descoberta em território português, em 1981. Esta descoberta constitui um marco importante no estudo da pré-história portuguesa.
Paisagem e Biodiversidade do Vale do Douro
A interação entre a geologia, o clima mediterrânico subcontinental e a ação humana moldaram uma paisagem única. Como se lê no painel interpretativo local, a proximidade do rio é marcada por extensos olivais, amendoais e vinhas. Nas áreas mais íngremes, destacam-se os carrascos e zimbros, que formam bosques densos e matagais, proporcionando refúgio a espécies como a raposa, o javali e o raro corço.
Nos céus, é comum observar o voo de aves como o abutre-do-Egito e o grifo, que nidificam nas escarpas próximas. Outras espécies regulares incluem a cegonha-preta, a águia-real, a águia-calçada e o milhafre-preto.
A Riqueza Paisagística de Freixo de Espada à Cinta
Embora tradicionalmente considerado um dos concelhos mais pobres de Portugal, Freixo de Espada à Cinta possui uma riqueza paisagística e patrimonial ímpar, consolidando-se como um dos locais mais belos do país e com grande potencial turístico, representando uma oportunidade para o desenvolvimento local.
O Miradouro do Colado é apenas um dos muitos pontos panorâmicos impressionantes do concelho, destacando-se ao lado de locais como o Penedo Durão, o Carrascalinho e a Cruzinha, entre outros.
Linha do Tempo:
Era Geológica:
-Há cerca de 500 milhões de anos (Câmbrico médio a superior): Deposição de sedimentos (argilas e areias) em fundos oceânicos abissais ou zonas de plataforma continental, que darão origem à Formação de Ervedosa.
-Entre 400 e 250 milhões de anos: Movimentos das placas tectónicas e colisão de massas continentais levam à formação do supercontinente Pangeia. Os sedimentos marinhos são deformados e metamorfizados, originando os xistos e metagrauvaques.
-Milhares de anos: O rio Douro esculpe o seu vale encaixado no terreno granítico, criando o canhão fluvial.
Pré-História:
-Paleolítico: Criação da gravura rupestre do Cavalo Paleolítico de Mazouco.
História Recente:
-1981: Descoberta da gravura rupestre do Cavalo Paleolítico de Mazouco, a primeira gravura paleolítica descoberta em Portugal.
Atualidade:
-O Miradouro do Colado e a área de Mazouco são pontos de interesse turístico, reconhecidos pela sua beleza paisagística e importância geológica e arqueológica.
Nota Adicional-Este texto inclui informações retiradas do painel interpretativo local, inserido pelo Parque Natural do Douro Internacional, entidade responsável pela gestão e conservação desta área protegida.