Panorama do Moinho do Maralhas (Aljustrel) (*)

Convido o leitor a descobrir a riqueza histórica, cultural e paisagística desta região e em que é obrigatória a ida ao Moinho do Maralhas e olhar para a sua paisagem envolvente, marcada pela atividade mineira e pela beleza natural, oferece um vislumbre da identidade única de Aljustrel.

Do Moinho do Maralhas, desfruta-se de uma notável vista panorâmica de Aljustrel, com o seu casario, as áreas mineiras, incluindo lagoas, pedreiras e malacates. A vista alcança também a Ermida da Nossa Senhora do Castelo e estende-se pelas planícies alentejanas, com os seus campos de cereais, montados e plantações de eucaliptos.

Conseguimos ainda vislumbrar a serrania em crista das serras de Alcaria Ruiva e senhora da Aracelis e serra do Caldeirão que separa o Algarve do Alentejo.

Eis mais um ponto que o turista tem a sua disposição para captar a essência de Aljustrel, todo o seu complexo mineiro, com as suas colinas afeiçoadas pela geologia onde pontuam os seus moinhos. Neste cerro temos o moinho do Maralha, no Sul da Vila.

Na Idade Média, a mesma colina era conhecida como Cabeço da Forca, refletindo práticas sombrias da época. Os cabeços das forcas eram colocados em colinas fora das povoações para serem visíveis de longe, servindo como um aviso e dissuasor contra crimes e desobediência.

Aos nossos pés a mineira localidade de Aljustrel com o seu casario, que é desventrada deste a idade do Cobre, passando pela famosa Vipasca romana, um dos grandes centros mineiros do império, que por aqui desbravou as entranhas da terra. A vila de Aljustrel vive da mina e para a mina. De tal forma se enquadra na mina, que quase tudo ao seu redor é couto mineiro, com faixas em laboração e outras já estabilizadas e musealizadas. Até mesmo o subsolo do espaço urbano está explorado nas suas profundezas.

Espetacular é a pedreira mineira com enorme geodiversidade que suporta a colina onde se insere o moinho.

“A sul deste monte podemos ver os malacates, que subiam e desciam elevadores nos poços profundos das minas de Aljustrel, carregando tanto vidas humanas como riquezas minerais das profundezas. Adicionalmente podemos ver alguns reservatórios de águas, os armazéns das minas e a vida atarefada dos minérios, que passam em veículos de um lado para o outro. Em suma temos uma perspetiva sobre um autêntico território mineiro. Mais afastados, observamos pequenas de secções de montado alentejano, entre plantações de eucaliptos, as últimas colocadas pelas empresas detentoras das minas, em forma de compensação ambiental pelos seus impactos.” (1)

No entanto, deste local tem também o brilho das grandes estepes cerealíferas, ponteadas por árvores centenárias, recortadas por discretas linhas de água e embalada por encantadoras paisagens de longo curso, de largas vistas e de alma sem fim. Além disso, a vista panorâmica alcança a icónica Ermida da Nossa Senhora do Castelo, acrescentando um valor espiritual e histórico ao local.

Os Moinhos de Vento em Aljustrel

Os Moinhos são um testemunho vivo dos processos de moagem, no passado. Em Portugal, a primeira referência histórica à sua existência data do ano de 1303, contudo é de crer que a sua introdução tenha sido anterior a esta data, uma vez que já existe registo de moinhos de vento em 1185 em Inglaterra.

Com o aparecimento de novas tecnologias foram sendo esquecidos, deixados ao abandono e à indiferença. Muitos dos moinhos ainda existentes têm vindo a ser recuperados para habitações particulares ou como ponto de interesse turístico, no entanto, é ainda possível encontrar alguns em funcionamento como outrora, podendo-se observar o processo de moagem tradicional de cereais.

Existiram à volta da vila de Aljustrel cerca de 17 moinhos de vento nos seus cabeços ventosos. A grande maioria encontra-se ao abandono, ou já destruídos, e já não desempenham as funções para as quais foram edificados. Uma das exceções é o Moinho do Maralhas. Situa-se numa elevação a sul do centro da povoação e de lá é possível abarcar uma bela panorâmica de toda a vila, além de admirar este exemplar em bom estado de conservação fruto de recente recuperação. Os moinhos são hoje considerados património por serem um testemunho dos processos de moagem de outrora e pela sua arquitetura característica.

O Moinho do O nome de Maralhas vem provavelmente do seu proprietário. Nas imediações encontra-se um outro moinho, conhecido como Malpique, que funcionou provavelmente até à década de 1940, mas que não chegou a ser reparado, tendo chegado a um avançado estado de ruína.

O moinho do Maralha foi alvo de obras de recuperação em 1989 e depois em 2011, passando a ter funções educativas, servindo para explicar os antigos processos de moagem de cereais, e ao mesmo constituindo um exemplo da arquitetura tradicional.

Linha do Tempo:

Idade do Cobre: Início da exploração mineira em Aljustrel.

Período Romano: Aljustrel, conhecida como Vipasca, torna-se um importante centro mineiro do Império Romano.

Idade Média: Construção do Cabeço da Forca numa colina nos arredores de Aljustrel.

1303: Primeira referência histórica a moinhos de vento em Portugal.

Século XIX: O Moinho do Maralhas, possivelmente nomeado pelo seu proprietário, entra em funcionamento.

Década de 1940: O moinho vizinho, Malpique, cessa o funcionamento e entra em ruína.

1989: Primeiras obras de recuperação do Moinho do Maralhas.

2011: Novas obras de recuperação do Moinho do Maralhas, transformando-o num espaço educativo e turístico.

Notas adicionais: (1) -Texto do painel local.

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